Alternative, Brasil
1979
"Isto não se apaga como vela,
nem ao menos se dispersa qual o vento dos corações".
nem ao menos se dispersa qual o vento dos corações".
E é assim que se inicia o segundo disco de Lô Borges, de 1979. Passado sete anos de seu debut solo (lançado no mesmo ano do premiado Clube da Esquina), o compositor quebra o silêncio e apresenta este que talvez seja o melhor trabalho de sua carreira. Aqui estão presentes canções inesquecíveis como "Chuva na Montanha", "Equatorial", "Clube da Esquina 2", além de "Vento de Maio", imortalizada na voz de Elis Regina. A descontraída e quase xote "Olha o Bicho Livre" e a já conhecida "Tudo Que Você Podia Ser" também são destaques pelos arranjos com influências nordestinas.
É curioso notar a maneira em que Lô aborda assuntos como o amor, sem ser deveras piegas: A faixa "Ela" é um bom exemplo, com seu andamento psicodélico e baixo marcante. Em tradicional parceria com seu irmão Márcio, o músico possui uma maneira interessante de compor suas letras, distanciando-se de temáticas clichês, utilizadas comumente em boa parte dos demais artistas, apresentando quase sempre muita inspiração e sensibilidade. "Caravela, pão e mel / Segue o circo a rolar / Picadeiros, primaveras / Coração vulgar / Que navega no céu / E navega no ar / Grão de areia a vagar / Na espuma do mar" canta ele na canção que dá nome ao disco, "A Via-Láctea".
Na famosa "Clube da Esquina 2", baseada no instrumental homônimo lançado anos antes, o autor é Marcio Borges: "...Porque se chamavam homens / Também se chamavam sonhos / E sonhos não envelhecem". Há inclusive, um belo livro - Os Sonhos Não Envelhecem -, de autoria do próprio Marcio, que conta a história de como o jovem Bituca (Milton Nascimento), recém chegado em Belo Horizonte, conhece Beto Guedes, Fernando Brant, Flavio Venturini, a família Borges e muitos outros, formando um dos movimentos musicais mais expoentes da música brasileira, o Clube da Esquina.
Este é mais um ótimo trabalho da prolífica região mineira que vale a pena ser conferido.