Arctic Monkeys - AM
2013
"If you like your coffee hot, let me be your coffee pot"
E o Arctic Monkeys ousou de novo. Passados sete anos desde o lançamento de seu primeiro disco, os ingleses apresentaram no início deste mês o quinto álbum da carreira. AM é um disco variado e arrojado, talvez o mais eclético até aqui. A começar pelo título, que parece significar muito mais do que apenas uma alusão ao nome da banda. As ondas na capa te lembram algo? Caso não, vejamos: "[...] um processo de transmissão através de Modulação em Amplitude, difundido em várias bandas de freqüência e caracterizado pelo longo alcance dos sinais, a freqüência AM está sujeita a interferências de outras fontes eletromagnéticas". Pois é, agora tudo faz sentido. E continuando: há várias novidades significativas em relação ao som do grupo. A produção ficou a cargo de James Form e Ross Orton, que fizeram um trabalho polido, resultando numa sonoridade cristalina, cheia de pequenos detalhes. Os inquietos meninos (que nem são mais tão meninos assim) agora nos apresentam um trabalho com grande influência de rhythm and blues, hip-hop ("'O único ponto de venda deste álbum é que ele soa como o Dr. Dre", disse Alex Turner) e muitos elementos eletrônicos, pontos praticamente inéditos na carreira da banda.
Logo nos primeiros segundos de "Do I Wanna Know?", faixa de abertura do disco, já é possível perceber a cuidadosa produção, onde o som da bateria é todo acompanhado de efeitos eletrônicos e palmas. A canção possui um riff bem característico dos últimos trabalhos dos rapazes, mas o baixo no talo e as diversas camadas de backing vocals dão o tom do que virá pela frente. À seguir temos "R U Mine?", já velha conhecida do público, lançada há quase dois anos como single e é outra paulada, com baixo e bateria em primeiro plano enquanto Alex declama seus versos dignos de um rapper, cheios de acidez e sarcasmo. Esta música, juntamente com a ótima "Arabella", são referências diretas à namorada do vocalista, a modelo Arielle Vandenberg, que inclusive faz uma participação no videoclip "R U Mine?".
Mais do que nunca, em AM a banda explorou os vocais do baterista Matt Helders, que emprestou sua voz em praticamente todas as faixas do disco. Helders já vem arriscando seus dotes vocais há algum tempo, vide as antigas "D Is for Dangerous", "Brick by Brick", "Teddy Picker" e muitas outras, e é interessante notar que sua fina voz, tida muitas vezes como de gosto duvidoso, deu lugar a um potente vocal com influências R&B e soul, como é o caso em "One for the Road", que conta com a participação de Josh Homme dividindo os vocais com ele e Alex. O resultado é, no mínimo, imprevisível. "I Want It All" é mais uma das canções que tem significativa participação de Helders no vocal. Aliás, falando sobre variações vocais, nos últimos anos tornou-se notável o número de bandas que vem buscando novas alternativas vocais para suas canções. Diante de uma concorrência cada vez mais acirrada, tornou-se uma interessante forma de diversificar seu som.
Mais do que nunca, em AM a banda explorou os vocais do baterista Matt Helders, que emprestou sua voz em praticamente todas as faixas do disco. Helders já vem arriscando seus dotes vocais há algum tempo, vide as antigas "D Is for Dangerous", "Brick by Brick", "Teddy Picker" e muitas outras, e é interessante notar que sua fina voz, tida muitas vezes como de gosto duvidoso, deu lugar a um potente vocal com influências R&B e soul, como é o caso em "One for the Road", que conta com a participação de Josh Homme dividindo os vocais com ele e Alex. O resultado é, no mínimo, imprevisível. "I Want It All" é mais uma das canções que tem significativa participação de Helders no vocal. Aliás, falando sobre variações vocais, nos últimos anos tornou-se notável o número de bandas que vem buscando novas alternativas vocais para suas canções. Diante de uma concorrência cada vez mais acirrada, tornou-se uma interessante forma de diversificar seu som.
"Arabella's got a '70s head, but she's a modern lover"
"No. 1 Party Anthem" é mais tradicional e trata-se de uma emocionante balada, quase parecendo um b-side do EP solo de Turner, "Submarine", lançado como trilha sonora do filme homônimo em 2011. "Why'd You Only Call Me When You're High?", que lembra muito "What's the Difference" do já citado Dr. Dre, ganhou um videoclip escrachado, com Alex atuando de forma cômica. A ótima "Snap Out of It" (outra carta na manga que corre o risco de se tornar hit a qualquer momento) tem um trabalho vocal belíssimo e é mais um dos muitos destaques do disco, onde a banda mostra o seu amadurecimento e como cada integrante soube aproveitar suas influências e lapidá-las de forma concisa. Em "Knee Socks" eles não economizaram nos efeitos, inclusive vocais, fazendo desta a mais eletrônica do álbum.
Há espaço também para canções mais convencionais, vide "Fireside" e "Mad Sounds". Mas parece que a cada música, um elemento inesperado surge em algum momento, seja uma pincelada eletrônica, um efeito vocal, enfim, um toque surpresa, impressionando o ouvinte. Para encerrar o disco de forma grandiosa, a banda optou por homenagear mais uma vez o poeta inglês John Cooper Clarke, fazer uma versão impecável para "I Wanna Be Yours", um de seus mais belos poemas.
Após este memorável e inesperado registro, o Arctic Monkeys se consolida definitivamente como um dos nomes mais importantes da música do início do século e Alex Turner como um dos letristas/vocalistas mais geniais de sua geração. E que venha o próximo, pois o reinado do Arctic Monkeys ainda não tem data para acabar.