terça-feira, 25 de junho de 2013

Music: Lô Borges - A Via-Láctea (1979)


Lô Borges - A Via-Lactéa
   
Alternative, Brasil
1979

"Isto não se apaga como vela,
nem ao menos se dispersa qual o vento dos corações".

E é assim que se inicia o segundo disco de Lô Borges, de 1979. Passado sete anos de seu debut solo (lançado no mesmo ano do premiado Clube da Esquina), o compositor quebra o silêncio e apresenta este que talvez seja o melhor trabalho de sua carreira. Aqui estão presentes canções  inesquecíveis como "Chuva na Montanha", "Equatorial", "Clube da Esquina 2", além de "Vento de Maio", imortalizada na voz de Elis Regina. A descontraída e quase xote "Olha o Bicho Livre" e a já conhecida "Tudo Que Você Podia Ser" também são destaques pelos arranjos com influências nordestinas.

É curioso notar a maneira em que Lô aborda assuntos como o amor, sem ser deveras piegas: A faixa "Ela" é um bom exemplo, com seu andamento psicodélico e baixo marcante. Em tradicional parceria com seu irmão Márcio, o músico possui uma maneira interessante de compor suas letras, distanciando-se de temáticas clichês, utilizadas comumente em boa parte dos demais artistas, apresentando quase sempre muita inspiração e sensibilidade. "Caravela, pão e mel / Segue o circo a rolar / Picadeiros, primaveras / Coração vulgar / Que navega no céu / E navega no ar / Grão de areia a vagar / Na espuma do mar" canta ele na canção que dá nome ao disco, "A Via-Láctea".

Na famosa "Clube da Esquina 2", baseada no instrumental homônimo lançado anos antes, o autor é Marcio Borges: "...Porque se chamavam homens / Também se chamavam sonhos / E sonhos não envelhecem". Há inclusive, um belo livro - Os Sonhos Não Envelhecem -, de autoria do próprio Marcio, que conta a história de como o jovem Bituca (Milton Nascimento), recém chegado em Belo Horizonte, conhece Beto Guedes,  Fernando Brant, Flavio Venturini, a família Borges e muitos outros, formando um dos movimentos musicais mais expoentes da música brasileira, o Clube da Esquina.

Este é mais um ótimo trabalho da prolífica região mineira que vale a pena ser conferido.

terça-feira, 18 de junho de 2013

Music: Adam Green & Binki Shapiro - Adam Green & Binki Shapiro (2013)


Adam Green & Binki Shapiro - Adam Green & Binki Shapiro
    
Alternative, United States
2013

Temos aqui um pequeno e inesperado clássico e certamente um dos melhores discos do ano. Lançado em 2013, mas poderia ter sido em 1964 e ainda assim não perderia o posto de clássico. Binki Shapiro, que lançou ao lado de Rodrigo Amarante (Los Hermanos) e Fabrizio Moretti (The Strokes) o homônimo Little Joy (2008), agora aventura-se ao lado de Adam Green (The Moldy Peaches) e nos trás um disco recheado de diretas e singelas canções.

Ao todo são dez faixas, as quais Binki e Adam dividem um belíssimo dueto vocal. Acompanhados por simples arranjos - em sua maioria, acústicos - a doce voz da moça contrasta com a rouquidão vocal do rapaz e trás um efeito bem interessante e todo especial ao disco, totalizando pouco menos de meia hora de música da melhor qualidade. Tente não se comover com "Casanova", que nos remete diretamente aos anos sessenta, lembrando grupos femininos como The Ronettes. A rapidinha e deliciosa "Pleasantries" nada mais é que um diálogo musicado: "Can’t be the first to say you're the worst / Surely there's one or two", canta Binki. "I care more if you act as though you like me / Then if you really do", responde Adam. Quase no final do disco, "What's the Reward" apresenta cadência e andamento diferenciados, onde as linhas vocais emulam o riff da guitarra entre pequenas pausas, até a bateria entrar com vigor e a música explodir, fazendo deste o momento mais agitado do álbum... E então a canção volta ao ritmo inicial, numa das melhores sacadas do registro. A arrastada "The Nighttime Stopped Bleeding" dá o tom de encerramento ao disco de forma melancólica, ainda que com algum ar de esperança.

Ao final do registro, percebemos que a vitoriosa fórmula ainda parece ser o caminho certo para construir um bom disco: simplicidade. A dupla apostou em um disco espontâneo e sincero e nos presenteou com um clássico. E clássicos são atemporais.

Movie: Pulp Fiction (1994)


Pulp Fiction
Quentin Tarantino, United States
1994

Movie: The Black Dahlia (2006)

The Black Dahlia
Brian De Palma, United States
2006

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Show: Pat Metheny Unity Band (BMW Jazz Festival - 09/06/2013)


Para quem foi ao Parque do Ibirapuera no último domingo conferir o encerramento da programação paulistana da terceira edição do BMW Jazz Festival (que este ano contou com nomes de peso como Esperanza Spalding, James Farm, Joe Lovano & Dave Gouglas Quintet, além do próprio Pat Metheny Unity Band) foi contemplado logo de início com um belíssimo por-do-sol em uma tarde de temperatura e música bastante agradáveis.

Belas cores do céu na tarde de domingo, no Ibirapuera
Foto: Rafael Pessanha

O show, programado para as 17h, teve seu início pontual e agradou o eclético público presente, formado por grupos de jovens (devidamente equipados com cangas, comidas e bebidas - preparando verdadeiros pique-niques); famílias reunidas (incluindo idosos e crianças); além, é claro, de curiosos desavisados que passeavam pelo parque e se depararam com o evento. Com pouco mais de duas horas de show, o ótimo Pat Metheny agradou os presentes, demonstrando muito virtuosismo e ótimas passagens sonoras - méritos para sua competente Unity Band

É impressionante a maneira universal e mágica que a música tem de atingir as pessoas. Ao meu lado, uma criança acompanhada dos pais, cheia de expectativas por estar possivelmente presenciando o seu primeiro show ao vivo, após a grande introdução executada pela banda, perguntou ao pai "É só isso?!". Lá estava ele, descobrindo o jazz. "Filho, tente prestar atenção na música, feche os olhos e sinta a maneira que ela mexe com você", disse o pai determinado momento.

Pat Metheny Unity Band
Foto: Marcos Hermes

Apesar da pouca interação com o público, o calado porém carismático Pat se mostrou muito simpático e contente, mesmo nas poucas vezes que foi ao microfone. O espetáculo - com grande ar introspectivo - serviu como ótima trilha sonora para uma serena tarde de domingo. Quem esteve presente, certamente não teve do que reclamar e saiu satisfeito. E que se inicie mais uma semana...

Site do evento: bmwjazzfestival.com

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Music: Ney Matogrosso - Água do Céu-Pássaro (1975)


Ney Matogrosso - Água do Céu-Pássaro
   
Alternative, Brasil
1975

Água do Céu-Pássaro, primeiro disco do enigmático Ney Matogrosso após a precoce dissolução original do Secos & Molhados, apresenta nove canções repletas de intensidade, lapidadas cuidadosamente por uma banda afiadíssima e produção impecável. Ney, extremamente perfeccionista, chegou até a exigir à gravadora a mudança de estúdio no qual estava gravando (inicialmente no Rio de Janeiro, e depois transferido para São Paulo no lendário estúdio Vice-Versa, em Pinheiros) por não estar contente com os equipamentos disponibilizados, elevando o custo da obra.

O álbum possui composições de nomes de peso como Milton Nascimento e João Bosco (por pouco Caetano não assina a produção) e também canções escritas durante reuniões em casa de amigos. Paulinho Mendonça, Luli, Jorge Omar e Paulo Cesar são alguns dos nomes que aparecem nos créditos - este último assina "Pedra do Rio": "Ele era bancário, virou hippie e foi morar comigo no Rio. Foi a única letra que fez na vida.", diverte-se Ney.

A produção final do disco ainda conta com diversos sons da natureza intercalados entre as faixas, além de diversas experimentações vocais de Ney: "Não queria nenhum silêncio no intervalo das músicas, queria som de floresta brasileira". O disco abre com a ótima "Homem de Neanderthal", que possui como introdução sons de macacos e araras e encerra-se com "América do Sul", também ao som de aves tropicais.

Como curiosidade, a primeira tiragem do álbum contava ainda com um curioso pó com aroma de floresta, inserido no papel-celofane que envolvia o disco. Precioso.

Music: Bento - Diamond Days (2012)


Bento - Diamond Days
  
Alternative, Australia
2012

O disco de estréia Diamond Days, lançado no final do ano passado, é uma agradável surpresa de Bento (codinome de Ben Gillies - baterista da banda australiana Silverchair). Trata-se de um apanhado de canções, que segundo o músico, foram escritas durante muito tempo: "Eu sempre escrevi ao longo dos anos e fazia um registro de cada ideia". O álbum é variado e passeia por diversas vertentes, onde percebe-se claramente sua vasta influência, que vai do rock clássico setentista a elementos mais experimentais e eletrônicos, constantes na cena musical atual. "É emocionante finalmente ver algumas dessas idéias realizadas. É uma álbum de auto-descoberta", completa Gillies, que assume os vocais e assina a produção do disco ao lado de Eric J. Dubowsky. Auto-descoberta ou não, é um registro que vai da primeira à última faixa com facilidade e, ainda que não apresente nada inovador, possui um refrescante apelo pop que permeia seus 42 minutos de música.

Site oficial: wearebento.com

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Movie: Cosmopolis (2012)


Cosmopolis
David Cronenberg, Canada - France - Italy - Portugal
2012

Movie: The Future (2011)


The Future
Miranda July, Germany - United States
2011

Movie: A Dengerous Method (2011)


A Dangerous Method
David Cronenberg, Germany - Canada - United Kingdom
2011

Movie: Somos Tão Jovens (2013)


Somos Tão Jovens
Antonio Carlos da Fontoura, Brasil
2013

Movie: Pink Flamingos (1972)


Pink Flamingos
John Waters, United States
1972

Movie: Elena (2012)


Elena
Petra Costa, Brasil
2012

Movie: Сталкер - Stalker (1979)


Сталкер (Stalker)
Andrei Tarkovsky, Soviet Union
1979

Movie: Après Mai (2012)


Après Mai
Olivier Assayas, France
2012

Movie: Jagten (2012)


Jagten

Thomas Vinterberg, Denmark
2012

Movie: Thérèse Desqueyroux (2012)


Thérèse Desqueyroux
Claude Miller, France
2012